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Influência do mangá nos quadrinhos brasileiros

Mangás ficaram famosos no Brasil, e vem exercendo influência nos quadrinhos brasileiros. Vamos falar um pouco sobre.

No dia 18 de junho de 1908, desembarga do navio “Kasato Maru” no Porto de Santos. A primeira demanda de imigrantes japoneses. Cerca de 781 estrangeiros desse país distante. Marcado por uma desenfreada crise demográfica causada pelo fim do feudalismo e a mecanização da agricultura. Todavia se estabelecem nas zonas rurais pelo Brasil.

Contudo, com o fim da Primeira Guerra Mundial entre 1917 e 1940, o Brasil atingiu cerca de 164 mil imigrantes japoneses. Esse número de estrangeiros nipônicos deve-se ao “United States Immigration Act“. Ao passo que os Estados Unidos passou a restringir a entrada de imigrantes japoneses em seu território. Então o Brasil passa a abrigar o maior número de nipônicos fora de sua terra natal.

Cerca de 75% dos imigrantes nipônicos foram para São Paulo. Estado que tinha grande necessidade de mão-de-obra para trabalhar nos cafezais.

Foi através da editora Edrel fundada em 1966 foi que o editor Minami Keizi pode difundir no mercado do quadrinho brasileiro, as influências recebidas a partir do contato com os primeiros mangás vindos do Japão. Minami Keizi é conhecido como o pai do mangá no Brasil. Certamente desempenhou um papel importante na modernização dos quadrinhos brasileiros ao introduzir o estilo dos mangás. Atravéso traço de desenhistas e roteiristas descendentes de japoneses como Claudio Seto, Julio Shimamoto. Ao passo que esse último nem mesmo trabalhou na EDREL, mas sim na Grafipar. Ainda tinha Paulo Fukue, Fernando Ikoma, entre outros.

Claudio Seto, o precursor do estilo mangá no Brasil, publicou dezenas de histórias no gênero gekigá. Onde temos Estórias Adultas e Young Comics, além de outras histórias românticas. Um dos trabalhos dignos de destaque de Seto é Flores Manchadas de Sangue de 2008. Em preto e branco que retrata uma série de elementos da cultura oriental. Como por exemplo  ninjas, gueixas, samurais. Isso tudo inseridos em histórias de guerra, terror, violência e dramas psicológicos. O álbum é composto por cinco histórias selecionadas pelo próprio autor da série Histórias de Samurais, publicada em 1969 pela editora Edrel. Entre elas temos a Flores Manchadas de Sangue, O Monge Maldito, Idealismo Frustrado, O Sósia e A Flor Maldita.

As fontes de Seto são histórico-literárias e não provenientes do território da banda desenhada.

Aquelas que viriam a ser, inegavelmente, as bandas desenhadas mais famosas destes temas. A saber, as do Lobo Solitário, de Koike e Kojima, surgiriam depois dos primeiros trabalhos de Seto. Além disso, um dos pais do gekigá, o Sanpei Shirato serviu de grande influência para Seto. Em A Lenda de Kamui, o Goseki Kojima foi assistente do Shirato.

Mas com a  popularidade alcançada pelos animês na TV brasileira é que se consolidou a aceitação dos quadrinhos japoneses. De fato os primeiros animês chegaram no Brasil no final dos anos 60. Mas é  na década de 70 que iniciou uma explosão de títulos. Com destaque para Speed Racer (Mahha Go Go Go) bem como A Princesa e o Cavaleiro (Ribon no Kishi). Tanto A Princesa e o Cavaleiro como Speed Racer tiveram uma aceitação incrível pelo público do Brasil, onde de fato muitas crianças cresceram assistindo esses desenhos. Assim fazendo com que eles fossem sempre citados e recordados por várias gerações. A partir de então, estas séries contribuíram para que outros títulos de animês invadissem a TV brasileira a partir da década de 1970. Dessa forma servindo-se como cartão de visita para que os mangás e outros produtos relacionados ao universo da cultura pop japonesa.

A maioria dos animês exibidos neste período mostrava paisagens robóticas e cibernéticas do Japão.

Por exemplo: Mazinger Z de 1972 e Pirata do Espaço de 1976, no japão conhecido como Groizer X. Ambos criados por Go Nagai. E ainda Patrulha Estelar ou também Yamato criado em 1974 por Leiji Matsumoto. Macross também conhecido como Robotech de 1982. Esse criado pelo estúdio Tatsunoko. Gundam Wing obra de Tomino Yoshiyuki de 1979. E Akira de 1988 certamente que é considerado um marco da animação mundial. Entre outros.

Contudo foi a partir dos anos 80 que editoras como Cedibra, Nova Sampa, Abril e Globo começaram a traduzir as primeiras coleções de mangás no Brasil. Em seguida, no ano 2000, o mercado brasileiro de mangás passou a ser publicado com sucesso pelas editoras JBC e a Conrad. Além das demais editoras como Animanga, Panini Brasil e Mythos. E é claro, dos inúmeros fanzines e revistas dedicadas ao mangá e animes. Onde se inclui Henshin, Anime Club, Konjô, Herói, Anime Do e outras. Ainda mais inúmeras convenções pelo Brasil, como o Animecon e o Anime Friends.

No Brasil, o mangá deu origem a uma nova corrente nas HQs.

O mangá já tinha invadido os EUA e a Europa antes de chegar ao Brasil, e os animes contribuíram muito para isso. Agora, já vemos sua influência nos traços, na estética e na forma narrativa dos novos quadrinhos de ação

Assim diz a empresária Selma Mitie Utrabo, que há 14 anos é dona da Itiban Comic Shop, em Curitiba.

O primeiro produto dessa corrente é o Mangá Tropical. Que traz seis histórias que, em vez do Japão, têm o Brasil como cenário. O Mangá Tropical tem a participação de onze autores.

Entre as revelações do mangá brasileiro estão os autores Erica Awano, Alexandre Nagado, Fábio Yabu, Daniel HDR . Salvo que esse último foi um dos desenhista oficiais de Digimon pela Dark Horse Comics. E Marcelo Cassaro, surpreendentemente responsável pelos maiores sucessos nacionais. Como Holy Avenger e Victory, que acima de tudo vai ser lançado nos EUA.

Marcelo Cássaro, criador de Holy Avanger, trabalhou em editoras como a Abril e na Editora Escala.

Lá editou e roteirizou histórias em quadrinhos baseadas em Street Fighter, já que era uma franquia jogos de luta . No entanto, Cássaro saiu da Editora Escala e passou a trabalhar na Editora Trama. Onde criou a Revista Dragão Brasil, da qual foi editor por mais de dez anos. Durante o período em que esteve na Dragão Brasil criou, junto com Rogério Saladino e J.M. Trevisan, o cenário de RPG Tormenta. Posto que ainda foi o responsável pela saga em quadrinhos Holy Avenger. Desenhada em estilo mangá, que teve 42 edições e cinco especiais. Ele também é o criador do sistema 3D&T. A 3ª edição Defensores de Tóquio. Um RPG que certamente é conhecido pela simplicidade, flexibilidade e total falta de realismo. Junto com Marcelo Del Debbio, publicou a segunda edição do RPG Invasão, de ficção científica.

Já em co-autoria com Norson Botrel, publicou o Guia de Classes de Prestígio. Ambos os livros foram publicados pela Daemon Editora. Cassaro já publicou sob vários pseudônimos, como Capitão Ninja e Paladino.

Daniel HDR, iniciou sua carreira aos 14 anos, ilustrandos histórias em quadrinho brasileiro erótico e de terror. Estreou em 1995 no mercado norte-americano de HQs, na editora Image Comics, com personagens como Glory e a super-equipe The Alies. E depois a Marvel Comics como artista de especiais dos Vingadores, Homem de Ferro, Red Sonja e card games da série OverPower. Bem como a Dark Horse Comics, nesta desenvolvendo a adaptação oficial para mangá da série Digimon.

Em 1996 ilustrou algumas histórias da revista baseada na franquia de video games Megaman da Editora Magnum. Além dos trabalhos profissionais colaborou em vários fanzines e publicações independentes. Publicitário, que presta serviços como ilustrador para campanhas. E ainda faz storyboards para cinema e tv. Por conseguinte coordenou o Dinamo Studio, criado pelo artista em 1997.

Além de material ligado a propaganda, possui trabalhos para as empresas Editora JBC, HQM Editora. Na Via Lettera com a compilação Mangá Tropical, com a história A Paz Pede Passagem. Feita em conjunto com o escritor Fábio Yabu. Para a editora Escala, com artigos sobre técnicas de ilustração para publicações sobre o assunto. Kanetsu Press, nas edições especiais da série Ethora. Na Mythos Editora como a mini-série Dungeon Crawlers, escrita por Marcelo Cássaro e com cores de Ricardio Riamonde. E por último, a Panini Comics, como as capas para Zorro: Fugitivos.

Na área de ensino, desde 1994, tem ministrado aulas de Histórias em Quadrinhos. Com parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

Além disso, é professor na faculdade Unisinos com a matéria Quadrinhos e Mangá. Em Feevale  com Arte Seqüencial e Ilustração Publicitária. E na PUC-RS, no Instituto de Cultura Japonesa.

Atualmente, com a internet, diversos autores independentes publicam seus trabalhos online. Onde se podem ver claramente influências da cultura japonesa, muitos dos quais estão em nosso site.

Escrito por – Felipe Utsch

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2 comentários
  1. Quiof Thrul

    O texto é interessante, mas acaba com algumas informações erradas ou desencontradas, a Edrel surgiu no final de 1966, Minami Keizi fundou com Salvador Bentivega, dono de uma gráfica na Liberdade, que havia fechado a Pan Juvenil, onde o Minami começou e havia sido diretor de arte, Minami e Seto são de fato, pioneiros do estilo nas revistas, mas outros descendentes de japoneses mencionados, Júlio Shimamoto (que nem mesmo trabalhou na EDREL, mas sim na Grafipar), Paulo Fukue e Fernando Ikoma. Quando ao Lobo Solitário, de fato, as histórias de Claudio Seto foram publicadas antes, mas Seto foi influenciado por um dos pais do gekigá, o Sanpei Shirato, em A Lenda de Kamui, o Goseki Kojima foi assistente do Shirato, o próprio Seto menciona isso numa entrevista, eu tenho uma pesquisa sobre o tema mangá brasileiro e atualizo sempre que possível, para tais informações, pesquisei em entrevistas e até no Mercado Livre para embasar algumas informações:´
    https://quadripop.blogspot.com/2014/05/mangas-brasileiros-ao-longo-das-decadas.html

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